quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Até quando haverá abuso de animais em experimentação científica?


USP de Ribeirão Preto estuda efeitos após infecções generalizadas

Pesquisadores identificaram alterações hormonais e em neurônios de ratos

Mariana Lucera

Uma pesquisa desenvolvida por pós-doutorandos da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto tem o objetivo de avaliar as alterações que acontecem nos neurônios em pacientes que sofrem infecções generalizadas, as sepses.
A líder da pesquisa, Maria José Alves da Rocha, diz que o estudo é importante porque falta estudar melhor o que acontece com os pacientes que conseguem sobreviver à sepse. "Não há um acompanhamento desses pacientes que sobrevivem a infecções gerais para saber se eles vão ou não ter sequelas", diz.
Nos estudos desenvolvidos com ratos, a infeccção generalizada é estimulada pela indução de uma infecção (peritonite) por meio de uma perfuração do intestino do animal. Esse tipo de modelo experimental é o que mais se assemelha com os sintomas clínicos em humanos que sofrem de diverticulite e perfurações intestinais decorrentes de acidentes, que podem provocar infeções generalizadas.
O objetivo do estudo é saber como os mediadores inflamatórios atuam no cérebro dos pacientes que sofrem infecção generalizada. Os pesquisadores já detectaram alterações hormonais e cognitivas (que afetam a memória e raciocínio).
A pós-doutoranda Gabriela Ravanelli de Oliveira Pelegrin explica que o foco da pesquisa está na produção de dois hormônios: a vasopressina, responsável pela pressão arterial e a ocitocina que além de efeitos comportamentais também apresenta efeitos antiinflamatórios. "Percebemos que na fase mais avançada a produção desses hormônios está diminuída. Isso provavelmente está relacionado ao comprometimento neuronal desses pacientes", diz Gabriela.
Durante os experimentos, os pesquisadores conseguiram confirmar a presença de marcadores de apoptose. Ou seja, constantaram a morte celular programada, nos neurônios que sintetizam os dois hormônios no hipotálamo.
"Uma atividade forçada dos neurônios durante a infecção generalizada resulta em estresse oxidativo, o que compromete o funcionamento normal. Não adianta ter o combustível (oxigênio), se a máquina que são os neurônios, devido ao estresse oxidativo, não estão funcionando corretamente", explica.




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