segunda-feira, 21 de maio de 2012

SÉRIE MATADORES - Os casos Dalva e Brenda Spencer – matadoras em série e em massa


80% dos psicopatas e assassinos em série começaram mantando pequenos animais (FBI). Boa leitura. Acompanhe a série que será reproduzida no blog.
Por Fátima Chuecco
A ANDA estreia, com exclusividade, uma série de matérias recheadas de pesquisa, entrevistas, curiosidades e indagações com o propósito de sensibilizar a população, as autoridades e a Justiça sobre o alto grau de periculosidade das pessoas que matam animais em série ou em massa e cujo rastro de sangue e dor pode ser contido se forem investigadas, detidas e monitoradas.
Animais incendiados ou enterrados vivos, espancados até a morte, enforcados, torturados, envenenados em série ou mortos por injeção letal – todos esses procedimentos são comuns em psicopatas. O alvo predileto: criaturas frágeis, ingênuas, indefesas, fáceis de enganar, capturar e manter sob seu domínio – e os animais se enquadram em todos os itens, assim como as crianças, mulheres e idosos que, numa segunda etapa da vida de um psicopata, podem se tornar seus alvos.
Segundo estudos do FBI, na sua grande maioria (cerca de 80%), os psicopatas começam a carreira matando animais. Por isso, em países como Estados Unidos e Inglaterra, os matadores de animais já são tratados e julgados de forma diferenciada que avança para muito além do crime de maus-tratos a animais. Nesses locais já se entende que deter esses indivíduos ou monitorá-los, quando começam a matar animais na infância, representa uma medida preventiva, de proteção não somente aos animais, mas a toda a sociedade.
Assinadas pela jornalista Fátima Chuecco, colaboradora da ANDA e sempre atuante no jornalismo pela causa animal, as matérias levantarão os casos dos psicopatas mais famosos do Brasil e no Exterior a fim de instigar a reflexão e motivar que casos onde se percebe comportamento psicopata sejam avaliados de forma mais ampla e recebam a punição adequada para evitar que os crimes continuem se propagando e, inclusive, migrando, da matança de bichos para o assassinato de pessoas.
Histórias impressionantes desfilarão pela série que estará também fornecendo canais para denúncias e dicas de como identificar indivíduos de perfil psicopata. Afinal, eles estão entre nós e muitas vezes ninguém percebe!  Podem se esconder no disfarce de um simpático ou bondoso vizinho.  É muito importante denunciar todo e qualquer matador de animais seja ele matador em série, em massa ou temporário.

Deter esses indivíduos salva a vida de animais e de pessoas. À propósito, no Brasil, 80 mil crianças desaparecem por ano. É um número extraordinariamente alto. Elas somem sem qualquer pedido de seqüestro e podem estar caindo nas mesmas mãos daqueles que assassinam animais.
Muita gente respirou aliviada quando Dalva Lima da Silva, também conhecida como a Matadora de Animais da Vila Mariana (SP) foi pega em flagrante tentando se livrar dos corpos de 37 cães e gatos mortos com injeção letal em janeiro de 2012.  Finalmente, depois de mais de dez anos se passando por protetora de animais, Dalva tinha sido descoberta e denunciada.

Essa foi a boa notícia. A ruim é: o assassinato em série (ao longo de semanas, meses ou anos) ou em massa (quando muitas mortes são cometidas ao mesmo tempo), ambos confessados por Dalva, é peculiar de psicopatas. Mas a pior notícia é: os psicopatas não têm cura. O prazer sádico de matar os acompanha por toda a vida. Assim, não é difícil concluir que pessoas com esse perfil jamais deixarão de fazer vítimas.
Os psicopatas são frios, perversos, mentirosos e sem qualquer sentimento de culpa, conforme relata a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Lima, autora do livro “Mentes Perigosas – O psicopata mora ao lado”. Além disso, possuem dupla personalidade, geralmente criada para enganar ou capturar as vítimas.
Um desses personagens criados por psicopatas pode ser o protetor de animais. Cada vez mais são descobertos casos sórdidos de crueldade animal envolvendo falsos protetores a quem as pessoas entregavam bichos acreditando que estariam em boas mãos quando, na verdade, eram mãos torturadoras ou assassinas.
Outra característica bastante evidente é que eles são incapazes de se colocar no lugar do outro (seja a vítima humana ou de outra espécie animal). Os psicopatas costumam ser também bastante dissimulados. E, geralmente, o distúrbio tem início entre a infância e a adolescência quando esses indivíduos começam sua carreira sangrenta matando animais indefesos (veja em breve capítulo dessa série sobre Crianças Perversas).
O País das Maravilhas pintado de dor
Voltando ao Caso Dalva (talvez o de maiores proporções em toda a nossa história de crueldade animal), o laudo mostrou que todos os animais mortos estavam saudáveis, entre eles, uma cachorrinha que foi perfurada 18 vezes na região peitoral numa tentativa insana de localizar o coração para injetar o líquido mortal. Uma morte absolutamente dolorosa e angustiante para o animal.

No entanto, Dalva, na noite do flagrante, alegou que havia matado apenas seis animais por estarem muito doentes. Num segundo interrogatório, dirigido pelo delegado da Divisão de Investigações Contra o Meio Ambiente do DPPC – Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania, José Celso Damasceno Junior, Dalva admitiu “eutanasiar” outros animais que lhe eram entregues há pelo menos um ano por não ter condições de doar ou cuidar deles.
Alice Queiroz, filha de Dalva, hoje com 22 anos, na ocasião, morava em um quarto no subsolo da casa localizada à Rua Mantiqueira, 168, onde ocorria a matança. Na parte de cima viviam Dalva e a filha de cinco anos. Em alusão ao clássico “Alice no País das Maravilhas”, a filha mais velha de Dalva vivia “No País dos Gatinhos Mortos”, já que a maior parte das vítimas eram gatos filhotes.
Apesar de ser praticamente impossível que ela não tivesse ciência do que se passava na casa dada a entrada volumosa de animais e, naturalmente, a percepção do choro, miados, latidos e gritos desses bichos, ela não foi indiciada e nem encarada como cúmplice porque, segundo o delegado Damasceno, responsável pelo caso, não foram encontrados indícios de sua participação.
Mas vale ressaltar que analisando a condição das mortes, a veterinária Rafaela Costa Magrini explica que Dalva necessitava da ajuda para imobilizar os bichos, pois, não poderia segurá-los e, ao mesmo tempo, aplicar a injeção sozinha. “Um procedimento intercardíaco exige um ajudante e, além do mais, no caso de eutanásia, o mais correto é dar uma anestesia geral antes de tudo para evitar qualquer sofrimento. O estresse e o medo a que esses animais eram submetidos devia aumentar ainda mais sua dor”.
Esse ano Alice entrou na USP, provando que tem plenas faculdades mentais de, no mínimo, perceber atos contínuos de crueldade realizados pela mãe. Mas ela segue sua vida sem temer uma intimação. A hipótese de participação ativa nas mortes das centenas de animais não foi levada em consideração, embora seja bastante comum adolescentes compartilharem  atos de atrocidade contra animais e, em alguns casos, arquitetarem as mortes sozinhos. Um exemplo bastante típico é o de Brenda Spencer.  Outra história de arrepiar.
“Foi como atirar em patos num lago”
Brenda Ann Spencer tinha apenas 16 anos quando inspirou a banda  Boomtown Rats  a compor  o hit “I don`t like Mondays” dos Anos 80. Da janela de sua casa mirou um rifle de calibre 22 mm (que ganhou do pai de Natal) na direção dos alunos da escola Grover Elementary que estavam no pátio. Feriu nove estudantes e matou o diretor e o segurança da escola que com seus próprios corpos tentaram proteger as crianças.
No mesmo dia, ao ser detida, ela declarou: “Não gosto de segunda-feira. Isso anima o dia… Não houve motivo e foi só como uma grande diversão… Como atirar nos patos em um lago… Pareciam um rebanho de vacas andando por lá… foi fácil acertá-las”. Em 2005, quando tentou pela terceira vez liberdade condicional (em vão), ela acrescentou que sentiu inveja das crianças por terem alguém para protegê-las.

Fora isso, Brenda nunca esboçou arrependimento ou qualquer sentimento pelas pessoas que matou ou feriu. E isso é bastante comum nas mentes perversas: não temem as conseqüências de seus atos e nem se arrependem deles.
Brenda nasceu em 1962, tinha um visual comum para a sua idade (até mesmo angelical) e um rosto inocente. No entanto, há relatos de vizinhos que a viram se divertindo incendiando a cauda de cães e gatos. O crime ocorreu em 1979 e a pena foi de 25 anos com possibilidade de perpétua. Ela continua presa. No dia 3 de abril Brenda completa 50 anos. A Cleveland Elementary foi fechada em 1983 por falta de alunos.
Dalva continua solta, mas responderá por crime de maus-tratos, segundo a Lei de Crimes Ambientais 9.605/98. O próximo passo é o laudo dos vidros de remédio encontrados na casa, Dopalen e Xilazin, a fim de descobrir se os princípios ativos são de uso controlado. Em seguida, o delegado Damasceno relatará ao Juiz com o intuito do caso ser encaminhado para o Ministério Público Criminal.
“Lamentavelmente, a lei brasileira não faz distinção entre matar um ou cem animais. Dalva será julgada por maus-tratos sem agravante por conta do número de mortes que causou e ainda pode sair praticamente ilesa pagando multa e cumprindo pena com algum serviço social. Enquanto a lei for branda, os matadores de animais ficarão impunes”, argumenta.
Por dentro da mente de um psicopata
É de suma importância salientar que o psicopata não é um doente mental e nem um esquizofrênico que podem não ter total noção de seus atos. O psicopata sabe exatamente o que está fazendo porque tem seu lado racional bastante desenvolvido em detrimento da pouca atividade cerebral ligada às emoções.
Em alguns casos, inclusive, ele pode se tornar bem-sucedido numa carreira de médico, pesquisador ou psiquiatra. Alguns psicopatas, bem astutos, encontram uma maneira de “justificar” seus atos por meio de suas profissões (leia mais sobre esse assunto no capítulo dessa série sobre a Medicina em favor da Morte).
Testes simples podem revelar tendências de psicopatia. Por exemplo: quem mal pode ver cenas de sangue e sofrimento certamente não corre risco de vir a ser um psicopata. Já a frieza ou neutralidade diante de cenas fortes e a diversão diante da dor alheia indicam tendências bem significantes.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa assinala que “a parte racional dos psicopatas é perfeita e íntegra”. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, ausentes de afeto e profundidade emocional. “Os psicopatas zombam dos mais sensíveis e generosos. Para eles, essas pessoas não passam de uma gente fraca e vulnerável e, por isso mesmo, são seus alvos preferidos”, comenta no livro Mentes Perigosas.
Acompanhe nos próximos capítulos da Série Matadores de Animais:
Médicos e enfermeiros com missão oposta: dispostos a tirar vidas das maneiras mais sádicas. No Brasil, yorkshire Lana comove o Brasil ao ser morta por enfermeira casada com médico.
Crianças perversas – A importância de se deter o mal pela raiz. Na Austrália menino mata vários animais em 35 minutos de surto e ri enquanto promove o massacre. Existem crianças realmente más? O Brasil começa a relacionar casos de maus-tratos a animais com violência doméstica e outros crimes.
Os piores psicopatas e como são classificados seus atos: Indice da Maldade. Será que apesar de não ter cura, o psicopata tem poder de escolha entre praticar ou não o mal? Como saber se temos pré-disposição à psicopatia?
Fonte: Anda








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